domingo, 4 de novembro de 2012

UBE DISCUTE LITERATURA, GENIALIDADE E LOUCURA


Na noite de 29/out/2012, mais precisamente às 19 horas, no Auditório do Departamento de Ciências Sociais e Letras da Universidade de Taubaté-SP, o Núcleo da UBE – União Brasileira de Escritores/SP no Vale do Paraíba, o Clube dos 21 Irmãos-Amigos de Taubaté e a Associação Cultural Letra Selvagem, realizaram a mesa redonda “Literatura, Genialidade e Loucura”, mediada por Luiz Antonio Cardoso(escritor, Coordenador do Núcleo da UBE/SP no Vale do Paraíba e Presidente do Clube dos 21 Irmãos-Amigos de Taubaté), tendo como debatedores: Ademir Demarchi (poeta e crítico, Doutor em Literatura Brasileira pela USP e editor da revista "Babel Poética"), Luiz Avelima (escritor, jornalista, tradutor do russo, espanhol, francês e grego, programador cultural, ator, músico, vice-presidente da UBE/SP), Marcelo Ariel (poeta e dramaturgo) e Nicodemos Sena (escritor, jornalista e editor, Presidente da Associação Cultural LetraSelvagem e Diretor da UBE/SP), contando ainda, com a presença na mesa de trabalhos de Geovani Cavalheiro, Secretário Nacional da Federação dos Clubes dos 21 Irmãos-Amigos.
O evento começou com a apresentação do violonista taubateano Alessandro Pereira (Mestre em Violão pela UNESP e vencedor de importantes concursos nacionais de violão, além de ter representado nosso país em eventos no Velho Mundo), que emocionou a plateia, principalmente quando executou Vila-Lobos. Foram entregues vinte e um certificados do Prêmio União Cultural (atuação literária, artística ou cultural) a presentes ao evento: historiadora Profª. Ms. Katia Rico, escritor Lamarque Monteiro, IA Geovani Cavalheiro, poeta Wildman Cestari, poeta Selmer, escritor Crisante, trovador Martinho Monteiro, trovadora Alda Lopes, colunista Mirian Ferreira, escritor Cláudio de Morais, trovadora Mifori, protetores dos animais Afonso Neto e Jairo Pereira, psicóloga Ana Favali, Prof. Ms. Eduardo Carlos Pinto (que gentilmente cedeu o auditório para a realização do evento em questão), poeta Ademir Demarchi, romancista Nicodemos Sena, poeta Marcelo Ariel, tradutor Luis Avelima, o violonista Alessandro Pereira e a escritora Teresa Bendini.
A mesa redonda discutiu as relações entre a literatura com a genialidade e a loucura, no ponto de vista literário, e tivemos diversos convidados especiais, representantes da cultura valeparaibana, como o poeta Ednilson Scarparo com sua tia Juraci, violonista Alberto Mejia, diretora da LetraSelvagem Marli Perin, escritor Benedito Dimas Ferreira, cinegrafista Cláudia Helena (cobrindo o evento pela TV Cidade Taubaté), escultor Fernando Ito, escritor Paulo Pereira, dentre outros.
Após as discussões, os integrantes da mesa colocaram à disposição do público obras de própria autoria, que foram compradas, encerrando-se o evento com uma noite de autógrafos.
Na verdade essa foi a segunda mesa redonda realizada na quente segunda-feira. A mesma equipe – Avelima, Demarchi, Ariel e Nicodemos – com a mediação de Luiz Antonio Cardoso, já haviam realizado a mesma discussão, às 14h30, na Penitenciária “Dr. José Augusto César Salgado” de Tremembé, para os detentos daquela unidade prisional, com apoio especial da ALACRE – Academia de Letras, Artes e Cultura “Renovação da Esperança”, evento que também foi aberto com apresentação musical.
O Nucleo da UBE/SP no Vale do Paraíba já está preparando novas mesas redondas, palestras, oficinas e demais eventos, pensando nas 39 cidades paulistas que compõem o Vale do Paraíba, a região da Serra da Mantiqueira e o Litoral Norte.

domingo, 13 de maio de 2012

A UBE NO VALE DO PARAÍBA: OS PRIMEIROS PASSOS


O Vale do Paraíba já viu nascer, ou por aqui se instalerem, grandes escritores, intelectuais e/ou historiadores do porte de Aziz Ab´Sáber, Altino Machado, Aroldo de Azevedo, Brito Boca, Camões Filho, Carlos Rizzini, Cassiano Ricardo, Cesídio Ambrogi, Dias Monteiro, Euclides da Cunha, Eugênia Sereno, Félix Guisard Filho, Francisco de Assis Barbosa, Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo, Francisco Sodero Toledo, Homero Senna, Hugo Di Domênico, Joaquim Maria Botelho, José Augusto César Salgado, José Carlos Sebe Bom Meihy, José Fernandes de Oliveira (Pe. Zezinho), José Geraldo Evangelista, José Geraldo Nogueira Moutinho, José Luiz Pasin, Malba Tahan, Maria de Lourdes Borges Ribeiro, Maria Morgado de Abreu, Miguel Reale, Monteiro Lobato, Oracy Nogueira, Oswaldo Barbosa Guisard, Paulo Pereira dos Reis, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Plínio Salgado, Ruth Guimarães, Thereza Maia, Tom Maia, Ulpiano Toledo Bezerra de Menezes, Vicente Félix de Castro, Waldomiro Silveira, dentre outros, tantos outros que poderiamos citar numa lista quase infindável.
Temos inúmeros grupos literários, academias e faculdades de letras, instituições que se dedicam à trova, à crônica e a outros gêneros literários, bilbiotecas, livrarias, e muitos escritores, poetas, trovadores, sonetistas, hacaistas, cordelistas, romancistas, contistas, cronistas, memorialistas, jornalistas, historiadores, biógrafos, autores de não-ficção, de livros técnicos e milhares de amantes da leitura.
Temos também alguns escritores que já eram filiados a tradicional UBE –União Brasileira de Escritores, fundada em 1958 e sediada em São Paulo, como o trovador José Valdez de Castro Moura, a poetisa e biógrafa Rita Elisa Seda, a romancista e biógrafa Thereza Freire Vieira, dentre outros. Mas faltava algo...
Sentíamos que faltava, neste nosso querido Vale, banhado pelas águas do Rio Paraíba do Sul, e privilegiado com um luar tão lindo, que reina, majestoso, no lindo manto estrelado das noites de inverno, um grupo de literatos que se reunisse para defender a classe dos escritores e seus interesses, como um todo, assim como a UBE/SP tem feito há decadas na Capital bandeirante. Aproveitando da grande expansão da UBE, por conta dos núcleos que tem sido criados pelo interior paulista e mesmo em outros estados brasileiros, parecia que nosso momento havia chegado: o momento de ter, em pleno Vale do Paraíba, uma representação oficial da UBE.
Algumas ideias já haviam nascido, em alguns pontos do Vale... conta-me, meu grande amigo poeta Tonho França, de Guaratinguetá, que lhe ocorrera, certa vez, de termos um Núcleo valeparaibano da UBE. Mas a semente seria, definitivamente plantada, há algumas centenas de quilomentros daqui, justamente em Ribeirão Preto-SP, durante a realização do Congresso Brasileiro de Escritores, em novembro de 2011.
Nosso dileto amigo, escritor e jornalista Antonio Barbosa Filho, de grandes lutas em vários campos, estava planejando criar o Núcleo da UBE, sediado em Taubaté, ja há algum tempo. Chegou a planejar uma primeira reunião, para o dia 15 de setembro de 2011, que não se realizou por diversos motivos. Em Ribeirão Preto, em conversa com o romancista Menalton Braff, o mesmo o apresentou ao também romancista paraense Nicodemos Sena, que há pouco mais de três anos radicou-se em Taubaté, e que atua junto a diretoria da UBE, naquele momento ocupando o cargo de tesoureiro-geral. Barbosa Filho e Nicodemos, ambos residindo em Taubaté, combinaram realizar uma reunião para iniciarem as atividades, e, finalmente, no dia 8 de março de 2012, na residência de Barbosa Filho, no Distrito ítalo-brasileiro do Quiririm, em Taubaté, um primeiro encontro foi realizado, com a presença do anfitrião, e dos escritores Nicodemos Sena, Luiz Antonio Cardoso e Oswaldo Crisante. Naquele dia foi marcada a data da reunião onde iria ser fundado, historicamente, o Núcleo da UBE no Vale do Paraíba.
Taubaté, dia 15 de março de 2012, na residência do romancista Nicodemos Sena, foi fundado o nosso Núcleo, compondo-se, inicialmente, dos membros: escritor Luiz Antonio Cardoso (Coordenador do Núcleo), jornalista Antonio Barbosa Filho (1º Vice-Coordenador), escritora Karina Pereira (Secretária), escritor Oswaldo Crisante (Diretor de Apoio à Eventos) e romancista Nicodemos Sena (Conselheiro). Nesta data, além da fundação histórica do Núcleo, também tivemos as primeiras deliberações e os primeiros projetos foram discutidos. Outras reuniões aconteceram após, com a presença do membro da UBE Edmundo de Carvalho, de São José dos Campos, e de alguns convidados de Taubaté, como a escritora Alda Lopes, a escritora Angélica Villela Santos, o jornalista Camões Filho, a jornalista Iara de Carvalho, o poeta Leandro Monteiro, o trovador Martinho Monteiro e Rafael Lima (representando a Vereadora de Taubaté, e também escritora, Pollyana Gama). Nestas reuniões os primeiros passos da UBE no Vale do Paraíba foram traçados. Luiz Antonio Cardoso e Nicodemos Sena participaram de reuniões da diretoria nacional, em São Paulo e da posse da atual Diretoria Nacional, a qual Nicodemos integra. Luiz Antonio realizou parceria com a Universidade de Taubaté para o primeiro evento oficial, preocupando-se com a questão logística do evento, e Nicodemos Sena incumbiu-se de convidar os que comporiam a mesa diretora dos trabalhos.
No grande dia 4 de maio de 2012, a maratona começou a tarde, no Centro Cultural Municipal de Taubaté, onde a TV Cidade Taubaté montou seu estúdio para fazer a cobertura de grande evento que ali estava sendo realizado. Luiz Antonio Cardoso, apresentador do programa semanal Litteratudo, único programa da TV no Vale do Paraíba dedicado a literatura, entrevistou Luís Avelima, Marcelo Ariel e Nicodemos Sena.
Logo chegou a noite, toda especial, e estávamos já no Auditório do Departamento de Ciências Sociais e Letras da Universidade de Taubaté, cedido especialmente pelo Prof. Ms. Eduardo Carlos Pinto, Diretor daquele Departamento, a pedido de Luiz Antonio Cardoso, foi realizado o primeiro grande evento da UBE em terras vale-paraibanas: a posse oficial da primeira diretoria da UBE no Vale do Paraíba, a mesa redonda “A importância de Fiodor Dostoievski para a Psicanálise e a recepção de sua obra no Brasil”, e o lançamento, pelo selo LetraSelvagem, em Taubaté, do romance “Gente Pobre”, primeiro livro escrito pelo genial escritor russo Dostoievski. O evento integrou as atividades acadêmicas da Universidade, numa Semana denominada UNITAU COM(N)VIDA, onde os alunos foram dispensados das aulas regulamentares para participarem de atividades especiais. A mesa foi composta pelo jornalista Joaquim Maria Botelho (Presidente da UBE Nacional), jornalista, tradutor e historiador Luiz Avelima (1º Vice-Presidente da UBE Nacional e tradutor, diretamente do russo, do livro “Gente Pobre”), romancista e jornalista Nicodemos Sena (mediador da mesa-redonda e Presidente da Associação Cultural LetraSelvagem, que editou o livro “Gente Pobre”), poeta Marcelo Ariel (Vice-Presidente da Associação Cultural LetraSelvagem), escritor e ativista cultural Luiz Antonio Cardoso (Coordenador do Núcleo da UBE no Vale do Paraíba) e Prof. Ms. Eduardo Carlos Pinto (Diretor do Departamento de Ciências Sociais e Letras da Universidade de Taubaté).
O evento teve inicio com o Prof. Eduardo agradecendo a presença de todos, comentando sobre o UNITAU COM(N)VIDA e explicando que o evento não era uma atividade especificamente da UNITAU, mas sim, um evento literário de grande porte, agendado como parte integrante das atividades acadêmicas a partir do momento em que Luiz Antonio o procurara para apresentar a proposta. A palavra foi passada ao mediador, Nicodemos Sena, que compôs a mesa como relatado. Nicodemos fez a apresentação do que representava aquele evento para nossa região e para a UBE e passou a palavra ao Presidente Nacional, Joaquim Maria Botelho, que falou sobre a importância da UBE, como uma entidade que defende os interesses dos escritores, e colocou alguns aspectos políticos, de grande importância para os escritores e, obviamente, para nossa literatura. Falou rapidamente da luta histórica da UBE e dos problemas atuais. Antes de passar, a palavra, declarou empossado, como Coordenador do Núcleo da UBE no Vale do Paraíba, o escritor taubateano Luiz Antonio Cardoso, desejando-lhe sucesso na missão e retornando a palavra a Nicodemos Sena.
Luiz Antonio Cardoso, fazendo o uso da palavra, agradeceu a cada um dos componentes da mesa, ao Avelima e ao Ariel, pela mesa-redonda que se seguiria, ao Prof. Eduardo, pelo espaço cedido, ao Joaquim, pela oportunidade da criação do grupo e pela presença ali, naquele instante, para a posse oficial, e finalmente, a Nicodemos Sena, que, como Conselheiro do Núcleo e Diretor da UBE, passou todos os detalhes necessários para a conclusão daquela etapa. Luiz Antonio, utilizando-se da concessão dada pelo mediador Nicodemos, citou algumas pessoas presentes, que ali estavam representando entidades e categorias, como o poeta André Bianc (Movimento Poetas do Vale), escritor Camões Filho (representando os jornalistas de Taubaté), psicóloga Débora Inácia (representando os escritores de Campos do Jordão), Edmundo de Carvalho (Presidente da Academia Joseense de Letras), Prof. Esdraz Ferreira e Prof. Joel Peixoto dos Santos (representando todos os professores presentes), Fernando Ito (representado os artistas plásticos de Taubaté), Cel. Lamarque Monteiro (Clube dos 21 Irmãos-Amigos de Taubaté-SP), poeta Leandro Monteiro (Confraria do Coreto), trovador Loris Turrini (Seção de Tremembé da UBT – União Brasileira de Trovadores), poetisa Luiza Santos (representando a alma feminina da literatura taubateana), Prof. Ms. Luzimar Gouvea (representando o Curso de Letras da UNITAU), Dr. Paulo Pereira (Presidente da Academia Taubateana de Letras), Vanessa Alves (representando os estudantes joseenses), dentre outros. Após, Luiz Antonio citou, empossando a Diretoria do Núcleo, os companheiros Antonio Barbosa Filho (Vice-Coordenador, que estava na Holanda), Karina Pereira (Secretária, ausente por motivos de saúde), Oswaldo Crisante (Diretor de Eventos, em viagem à Portugal), e Nicodemos Sena (Conselheiro). Finalmente, declarando que fazia das palavras a serem lidas as suas, leu a mensagem que Antonio Barbosa Filho lhe enviou da Holanda, parabenizando a mesa, o público e falando da importância da UBE e da data histórica que estávamos presenciando. Sua carta entra para os anais da cultura vale-paraibana como documento que retrata a alegria e um sonho concretizado. Luiz Antonio asseverou, perante o público, que Antonio Barbosa Filho é o grande idealizador do Núcleo, e que só não está ali presente, e a frente do mesmo, devido suas constantes viagens ao Velho Mundo, onde se ausenta, periodicamente, por cerca de três meses.
Nicodemos passou a palavra ao Luís Avelima, que discorreu sobre sua experiência ao traduzir o “Gente Pobre”, de Dostoievski, sobre os anos que viveu na extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, sobre o idioma russo e a grandiosidade do romance escrito quando o grande gênio russo possuia apenas 24 anos. Comenta da descrição da pobreza feita por Dostoievski, ao criar os personagens Makar Aleksieievitch e Varvara Aleksieievna. Do gênio que ali já demonstrava sua grandiosidade, sendo aplaudido, antes mesmo de publicado, pelo grande crítico literário da Rússia naquele momento, Vassilión Bielínski, que disse, sem receios, que estavam diante de um novo Gógol.
Após, Nicodemos passa a palavra ao poeta Marcelo Ariel, de Cubatão, que comenta a grandeza da obra de Dostoievski, do retrato da pobreza, da recepção da obra de Dostoievski no Brasil, da grande influência do autor russo sobre Graciliano Ramos, dentre outros... Ariel também leu trechos de seus poemas, que mostram muito do que Dostoievski já via na Rússia da metade do século XIX. Falou também da atual hipocrisia, dos problemas sociais, da vida.
Após, Nicodemos abriu a mesa-redonda as perguntas do público, onde vários dos presentes fizeram perguntas especiais ao Avelima e ao Ariel. Avelima comentou de sua experiência no Chile e em Cuba. Comentou sobre o comunismo no Brasil e na União Soviética, sobre Prestes, Allende e Fidel... leu alguns trechos do livro “Gente Pobre”, demosntrando a descrição perfeita da pobreza humana realizada por Dostoievski. Comentou da influência, inclusive da possibilidade muito citada, de ter chegado a Machado de Assis, pois na época do fundador da Academia Brasileira, os livros de Dostoievski já circulavam pelo Brasil.
A mesa-redonda chegou ao fim, com a mesa rodeada por um público com brilhos nos olhos, citando, entre outros, nossos amigos Prof. Luzimar, Leandro Monteiro, Vanessa Alves, Prof. Armindo Boll, que estava coordenando outra atividade acadêmica e só pode chegar ao término, Dr. Paulo Pereira, e nosso grande amigo Loris Turrini, que gentilmente fez as vezes de fotógrafo oficial do evento. Naquele término, Avelima autografou sua tradução de Dostoievski, Ariel um de seus livros de poemas e Nicodemos um de seus romances.
O Núcleo da UBE foi, oficialmente fundado no Vale do Paraíba... como há 366 anos Taubaté fora o primeiro povoado a ser elevado a condição de Vila, e há 130 anos viu nascer o maior escritor da literatura infanto-juvenil do país, agora, é pelas suas portas, dentro de sua universidade, que a UBE começa o trabalho de organização e de união dos escritores vale-paraibanos.
Todos estão convidados para fazerem parte desta história, que, temos certeza, está somente no seu início... muito temos a fazer. A UBE e as outros instituições literárias, artísticas e culturais possuem um caminho árduo, porém, profícuo, devido o talento de seu povo, que luta, se esforça, e vai sempre em frente, diante das adversidades, buscando, com esperança e suor, com amor e força, com brilhantismo e superação, a cultura valeparaibana!
Todos estão convidados, finalmente, a trabalhar juntos pela construção de um mundo melhor, de uma literatura forte, que só será possível através do desprendimento dos egoismos mais enraízados em nosso íntimo, da diminuição deste egocentrismo persistente, que faz, muitas vezes, irmãos se tornarem carrascos, verdadeiros verdugos um dos outros por causas banais, por ínfimos momentos da fama, tão efêmera... vamos, de mãos dadas, trabalhar um pelo outro. Convido-os, meus irmãos escritores, a trilharmos os caminhos reluzentes e as vezes tortuosos desta existência, juntos, e a subir os degraus em conjunto, como uma verdadeira irmandade.. utopia? Depende de nós!
LUIZ ANTONIO CARDOSO

segunda-feira, 9 de abril de 2012

UM DIA OLHEI PARA O CÉU


O belo manto estrelado, que envolve nossas mentes e encanta nossos olhares, sempre despertou grande fascínio nos mais diversos povos, no transcorrer da história. Até nossos dias, personalidades como Copérnico, Galileu, Kleper e Newton são reverenciadas, e  o crédito a povos ainda mais antigos é devidamente citado, como aos persas, árabes, egípcios, dentre outros, em em especial, aos gregos.
No Brasil, é citado por muitos, como o marco inicial da Astronomia no país, a criação, por Dom Pedro I, do Observatório Nacional, que deveria marcar a hora certa conforme o alinhamento solar e prestar grande auxílio à navegação. Porém, estudiosos na área da arqueoastronomia comprovaram que povos antiquíssimos que habitaram a região Nordeste dominavam certos conhecimentos, conforme inscrições encontradas em rochas de alguns sítios arqueológicos, que remontam de vários milênios. No Brasil Colônia é certo também que os jesuítas ensinavam astronomia, pois mesmo a matéria não fazendo parte do currículo escolar da época, era cultivada com entusiasmo pelos religiosos.
O universo, tão vasto, ansiando o infinito, fez com que pessoas de todo o mundo parassem para fitá-lo, a esmo. Alguns se contentaram apenas em observá-lo. Outros, imbuídos da verve poética, resolveram descrevê-lo, em versos repletos de metáforas, que viriam a brilhar na produção literária como as estrelas brilham no céu. Alguns resolveram estudá-lo, entendê-lo, mesmo que de forma amadora, e outros, decidiram desvendá-lo, com observações mais sérias, com fórmulas e descobertas.
Em Taubaté e em todo Vale do Paraíba, muitos se apaixonaram pela infinda beleza do universo, e sabemos que pessoas se reuniram para observação, em suas próprias residências e também em acampamentos. Em meados da década de 1980, existiu um grupo, próximo a Ponte Seca, entre a Vila São Geraldo e o Jardim Santa Clara, que se denominava CEU, e era formado por observadores amadores, que se reuniam para, com seu telescópio, observarem os astros.
Como acontece com muitas pessoas, acabei tendo minha época de astrônomo amador, e incentivado pelo meu primo, Marcelo, que à época cursava o terceiro ano da licenciatura em História na Universidade de Taubaté, e desenvolvia seu trabalho de conclusão de curso sobre a história da astronomia em nosso país, adentrei no mundo mágico da observação, e fundamos, no dia 20 de outubro de 1996, em Taubaté, na região da Vila São Geraldo, a Associação Taubateana de Astronomia, composta da seguinte diretoria: Luiz Antonio Cardoso (Presidente), Marcelo dos Santos Reis (1º Vice-Presidente), Paulo Rodrigues de Queiroz (2º Vice-Presidente), Alessandro Nunes Feriotto (1º Secretário), Gerdinaldo Quichaba Costa (2º Secretário) e Maria Orminda (1ª Tesoureira). Outros amigos também participaram do grupo, como Alexsander Costa, Cleonir Nascimento Pereira, Benedito Marcelino Joffre Neto, dentre outros, e o saudoso Mario Celso Dias da Costa.
Reuníamos-nos aos sábados, pela noite, para conversarmos sobre temas da astronomia, para lermos artigos, assistirmos documentários, como o Cosmos, de Carl Sagan, e, é claro, para observarmos o céu, num modesto telescópio que havíamos comprado, mas que já nos brindava com inesquecíveis momentos entre amigos.
Daniel Barbosa, astrônomo amador, se aproximou da nossa Associação à época propondo que fizéssemos nossos próprios telescópios, pois ele havia construído em sua oficina máquinas de óptica que permitiam a construção do equipamento. Ele também havia traduzido livros do idioma francês que ensinavam as técnicas necessárias, em especial quanto ao polimento das lentes.
Marcelo chegou a dar palestras em outros grupos, em especial no Grupo de Estudos Ufológicos “Monteiro Lobato”, presidido pelo nosso grande amigo Cleonir Nascimento Pereira, e juntamente com o Marcelo e o Daniel, propus a um grande Clube de Taubaté que nos patrocinasse com o equipamento necessário para construirmos um telescópio em nossa cidade, e, em troca, faríamos a construção no próprio Clube e daríamos palestras de noções básicas de astronomia aos associados daquela instituição.
Porém, como tais questões chama a atenção apenas num primeiro momento, não logrando grandes votações em urnas nos pleitos eleitorais, como tampouco enche cofres de fortunas, tivemos nosso projeto de sermos voluntários, negado, bem como a patrocínio que pleiteávamos, rejeitado. Como a vida segue seu curso, um amigo decidiu aprofundar-se nos estudos universitários. Outro, se dedicar a outro grupo. E assim, nossa Associação Taubateana de Astronomia durou cerca de um ano, mas é lembrada com carinho, quando dois dos participantes se encontra pelas ruas da vida.

LUIZ ANTONIO CARDOSO

domingo, 1 de abril de 2012

QUEM É O DONO DA LITERATURA?

Estes dias, diante dos acontecimentos políticos e culturais de minha cidade, numa discussão sobre a criação do Conselho Municipal de Cultura de Taubaté, deixei de lado algumas atribuições culturais para me perguntar: quem é o dono (ou os donos) da Literatura? Fiquei a pensar por longo tempo... seria Homero, figura na qual alguns teóricos determinam o nascimento da literatura ocidental? Mas Homero não teria deixado nada escrito, apenas narrava suas histórias, que foram escritas séculos após sua morte, sendo que muitos acreditam que ele nem mesmo existiu, e sim, vários poetas teriam participado da construção da “Ilíada”, e da “Odisséia”... e mesmo que tivesse existido, ele teria morrido há milênios e, portanto, não poderia ser dono daquilo que deixou.
Então o dono seria Hesíodo? Ele deixou obra escrita... foi o grande autor da “Teogonia” e trouxe o “subjetivo” para a literatura. Mas, novamente a ideia foi anulada pela mesma questão... ele viveu no século VIII a.c., e nos deixou há quase três mil anos...
Seria Gilgamesh, com sua Epopéia, ou Assurbanípal, que provavelmente teria reunido os poemas épicos? Seria o autor ou autores do Livro dos Mortos do Antigo Egito? Seria Moisés com seu inspiradíssimo Pentateuco, que daria origem, primeiro a religião judaica, e depois se desdobraria até nossos dias no cristianismo e islamismo? Provavelmente não... assim como Homero e Hesíodo, eles se foram, embora suas obras tenham ficado...
Fui passeando pela literatura: Alexandre Dumas, Aristófanes, Balzac, Blake, Baudelaire, Camilo Castelo Branco, Carlos Drummond de Andrade, Cervantes, Charles Dickens, Cícero, Conan Doyle, Dante, Dostoievski, Eça de Queiroz, Ésquilo, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Goethe, Guimarães Rosa, Herman Hesse, Horácio, José Saramago, Júlio Verne, Luiz Vaz de Camões, Machado de Assis, Maiacovski, Marcel Proust, Olavo Bilac, Ovídio, Shakespeare, Sófocles, Tolstoi, Victor Hugo, Virgílio... e outros... muitos outros!... mas todos já se foram!
Continuei pensando... e os grandes autores da atualidade?! Por acaso também não haverão de morrer um dia? Certamente... então este fenômeno maravilhoso que denominamos LITERATURA não poderia ter um dono, pois os pioneiros se foram, os grandes também, e os que ainda estão entre nós, possuem existências efêmeras, muito diferentes das suas obras imortais!
Então, se uma pessoa não poderia ser a dona da Literatura, poderia ser uma instituição?! As Academias de Letras!? Bem... o termo academia historicamente surgiu em 387 a.c., com uma escola fundada pelo filósofo grego Platão, nas proximidades de Atenas, junto a um jardim que teria pertencido ao herói ateniense da guerra de Tróia, Academus. Daí a origem do termo academia. Platão pretendia contribuir com os variados campos do conhecimento humano, congregando pessoas com a mesma intenção sublime de elevarem a cada dia, suas capacidades intelectivas e culturais! Na Academia de Platão estudaram, dentre outros, Xenócrates e Aristóteles e ela serviria de inspiração para várias outras que surgiriam pelo mundo grego, e também para as futuras universidades que se espalhariam, séculos depois, pelo ocidente.
Nos séculos XIII e XIV, surgiram algumas academias pela Europa. Por volta de 1440, nasceu em Florença, na Itália, a Accademia Platônica, sendo um grande marco da renascença italiana, espalhando pelo mundo a luz das obras de Platão, bem como aprofundando o estudo da língua italiana e do grandioso poeta de Florença, Dante Alighieri.
Em 1635 foi fundada a famosa Academia Francesa que serviria de modelo à Academia Brasileira de Letras! A Academia buscaria tornar a língua francesa “pura, eloqüente, e capaz de tratar das artes e ciências”. Estabeleceu-se que a Academia apresentaria quarenta cadeiras, com um patrono e um ocupante cada. O patrono seria uma personalidade de destaque nas letras e na cultura, porém, já falecido. Cada ocupante obteria tal condição ao ser eleito, após ter sido candidato à vaga, momento no qual apresentaria seu currículo e obras. Ao ser eleito, o acadêmico tomaria posse de sua cadeira, em sessão solene, realizando discurso em memória de seu antecessor naquela cadeira.
No Brasil, a primeira academia fundada foi a Academia Cearense de Letras, em 1894 e em 1897, após algumas décadas de demasiado aumento da efervescência cultural na cidade do Rio de Janeiro, onde se realizavam inúmeras reuniões e surgiam muitas publicações e periódicos literários, foi fundada à Academia Brasileira de Letras, tendo sido seu primeiro presidente o genial escritor Machado de Assis. Em 1909, surge na cidade de São Paulo a Academia Paulista de Letras, seguindo os moldes da Academia Brasileira. Aos 28 de maio de 1999, é fundada a Academia Taubateana de Letras, e em 2001, a atual Academia Valeparaibana de Letras e Artes.
Mas fazendo uma pequenina reflexão, podemos chegar a certas conclusões. Primeiro, pode, num país com quase duzentos milhões de habitantes, a Academia Brasileira de letras ser considerada a dona da Literatura? Existirem apenas 40 pessoas dignas de representar a literatura pátria? Carlos Drummond de Andrade, Monteiro Lobato, Mário Quintana, dentre outros, não poderiam representá-la por não terem pertencido á ABL?
Voltando o foco ao nosso município, as duas Academias, aqui instaladas poderiam ser consideradas as proprietárias da Literatura Taubateana? Taubaté, que possui quase trezentos mil habitantes, teria como representantes de sua literatura, unicamente os membros das Academias fundadas respectivamente em 1999 e 2001? E a Seção de Taubaté da UBT - União Brasileira de Trovadores, fundada no fim da década de 1960 pelo memorável Prof. Cesídio Ambrogi? E o Clube dos 21 Irmãos-Amigos de Taubaté, fundado em 1965, pelo notável Dr. José Ortiz Monteiro Pato? E o Movimento Poetas do Vale, fundado em 2004 e a Confraria do Coreto, fundada em 2009, que já realizaram quase 150 eventos juntos? E os poetas, romancistas, cronistas, jornalistas, contistas, professores e outros literatos que não participam das Academias? Não poderiam representar a literatura taubateana por não terem uma cadeira numa das duas Academias ora existentes?
E a União Brasileira de Escritores – UBE, tradicional instituição literária do país, que conta com mais de quatro mil membros, fundada em São Paulo, em 1958, que tem seu Núcleo regional, recém fundado e instalado em Taubaté? E o Movimento União Cultural, fundado em Taubaté em 2010?
Como simpatizante da democracia, do direito do povo de escolher seus destinos, penso que a Literatura tem sim um dono autêntico, e este é o povo. Ela é fruto do povo e feita para o povo. Ela nasceu da necessidade do povo de registrar, de criar, de inspirar... a literatura, sendo do povo para o povo, não pode ser, no futuro Conselho Municipal de Cultura de nossa urbe, cercada pelos muros invisíveis das Academias. Temos tantos escritores e vários grupos literários, e, portanto, os próprios escritores devem escolher seus representantes, e não deixar que sejam indicados como eram nomeados os políticos para os postos importantes nos governos ditatoriais.
Nada contra as Academias, até por que pertenço a uma delas e tenho especial contato com vários membros da outra, mas que a justiça e a democracia seja respeitada e que este Conselho nasça para representar realmente uma classe, e não parte dela, indicando-se instituições e olvidando outras, tão importantes, e até, posso asseverar, mais ativas.
Que, como Platão, possamos enxergar além da Caverna da ignorância, dos muros das vaidades, e que vejamos que, embora as Academias tenham suas funções dignas, são partes de um processo, e não o processo todo!
LUIZ ANTONIO CARDOSO

segunda-feira, 19 de março de 2012

OS RUMOS DA CULTURA

Muito se tem falado sobre a literatura, as artes e a cultura no Vale do Paraíba e sobre os rumos que nossos artistas e escritores tem tomado. Vivendo neste mundo globalizado, onde o acesso às informações está a cada dia mais fácil, ainda é difícil entender como, em certas localidades, a arte e em especial a literatura parece estar estagnada, em alguns sentidos.
É dificil entender grupos literários, musicais, teatrais e de outros segmentos artísticos, estarem fixados tão próximos dos dois grandes centros culturais do país - São Paulo e Rio de Janeiro - e participarem tão pouco dos eventos daqueles verdadeiros oásis de artes e literatura!
É muito dificil de entender certos dirigentes culturais e autoridades públicas no campo da política cultural fecharem-se em grupos muitas vezes elitistas, que se propõem apenas a auto cultuarem suas próprias artes e escritos, algumas vezes banais, dificultando o acesso a muitos poetas e artistas, que, irmãos em sonhos, buscam participar com muita boa vontade da vida cultural de nossa região.
É praticamente impossível não conceber aquela velha visão de uma escada, com degraus infindos, onde, um grupo que possui o comando cultural está posicionado no segundo degrau, e fica impedindo a passagem dos outros cidadãos, artistas e escritores que estão no primeiro, como se fossem os proprietários de todo conhecimento. Enquanto nossos colegas paulistanos e cariocas, dentre outros, sobem degraus a passos largos, ficamos aqui nos primeiros e segundos degraus, uns preocupados em manter aquela pseudo posição de superioridade, tão efêmera e ilusória, e outros, tentando seguir os passos de quem não sai do lugar.
É premente, para nós, valeparaibanos, globalizarmos nossas ideias, nossos conceitos, nossos passos futuros... é urgente a integração com nossos colegas das capitais ora mencionadas e de outros pontos do mundo, para a tão necessária troca de informações, o aumento do círculo de amizades, e para que nossa arte não fique circulando apenas em nossos restritos grupos e em nossos espaços virtuais, as vezes tão pouco visitados.
A internet é uma realidade, inegável... deve ser utilizada e nos leva a distâncias colossais, porém, enquanto humanos que somos é indispensável que mostremos, vez ou outra, sempre que possível, nossas caras, para que todos saibam que existimos, que somos de carne e osso, e que no Vale do Paraíba se produz arte, literatura, cultura e que os artistas vão a luta, saem de seus casulos, de suas tocas, de seus lares...
A arte é universal. O artista e o poeta, enquanto criadores de algo universal, não devem ficar eternamente circulando num segundo degrau... muito menos num primeiro! Subamos a escada, rumo ao desconhecido!
LUIZ ANTONIO CARDOSO

terça-feira, 13 de março de 2012

O REENCONTRO

Certa vez, Lygia se apaixonou... tratava-se de um homem de cultura extraordinária, que contava com pouco mais de duas dezenas de primaveras do que ela, e era poeta. Era também professor, talvez o mais brilhante dos mestres que, com o velho giz dentre os dedos, levou a luz do saber a gerações taubateanas, ensinando e encantando com seu jeito único, inesquecível... verdadeiro apóstolo da educação.
Cesídio, certa vez, se apaixonou... ela era linda, jovem, repleta de amor e de carinho... tinha o dom da poesia assim como ele. E tinha, dentro de si, aquela eufórica e mágica missão de ensinar, de passar as gerações vindouras a sabedoria, o respeito, a necessidade de garimpar o conhecimento... tinha também a missão de informar, de registrar os fatos, como exímia jornalista. Ainda adolescente demonstrou sua liderança comandando o Batalhão Feminino do Ginásio Independência, desfilando nas paradas cívicas durante a Revolução Constitucionalista de 1932, trabalhando em prol de São Paulo, mesmo sendo paranaense de Deodoro, atual Piraquara.
Cesídio, grande poeta que era, idealizava a musa inspiradora, que traria ainda mais brilho e daria retoques todos especiais ao lirismo que já inundava seu universo literário. Lygia buscava aquele companheiro que, de mãos dadas, poderia percorrer as trilhas desta existência e caminhar, com ela, enamorado, a fitá-la ternamente, rumo a eternidade.
No final da década de 1930 eles se casaram, e aquela paixão, como tantas com as quais nos deparamos, principalmente nos tempos atuais, poderia ter sua intensidade, o seu ápice, delimitado em alguns meses, ou mesno anos, e depois, tomar o processo natural da vida: ir diminuindo seu ritmo, até chegar aquele certo marasmo que, somente pela tão simples conveniência e um certo carinho mantém juntos dois corpos, embora as almas estejam distantes.
Mas com Cesídio e Lygia seria diferente... a cada dia a paixão se intensificava! A cada mês o carinho se tornava maior! A cada ano o amor, esse sentimento próprio de almas nobres e que deve ser construído com calma, com respeito e com o tempo, ia de edificando, tornando-se grande, lindo, notório.
Juntos, encantaram alunos pelas escolas taubateanas. Escreveram poesias que enterneceram até mesmo os mais insensíveis... contribuíram para a imprensa taubateana, regional e paulista, sendo que Lygia viria a fundar o Jornal “O Diferente”, pioneiro na imprensa taubateana, sendo um jornal feito por mulheres. Juntos, escreveram trovas, fizeram de Taubaté um celeiro de grandes trovadores, e fundaram no final da década de 1960 a Seção de Taubaté da UBT – União Brasileira de Trovadores, plantando a semente de Luiz Otávio nestas paragens e a fazendo brilhar.
Cesídio orgulhava-se de sua esposa, amada... e ela, polivalente, brilhante, lecionava Geografia, ginástica, dança, canto e declamação. Como se não bastasse, era jornalista e diplomou-se advogada.
Lygia, assim como seu esposo, foi premiadíssima poetisa, trovadora e sonetista. Fez-se uma das grandes ativistas culturais de Taubaté, e preocupou-se com o coletivo, com o social, como poucos. Organizou festivais beneficentes. Fundou o Grêmio Arcádia; o Serviço de Proteção à Criança; o Clube do Lazer, a Sociedade Taubateana de Ensino. Durante décadas, trabalhou em prol dos menos favorecidos, organizando campanhas filantrópicas.
Lygia, assim como Cesidio, recebeu muitas merecidas homenagens e condecorações, inclusive o título de Cidadã Taubateana (1967), e já no terceiro milênio, tomou posse como membro efetivo da Academia Taubatena de Letras, na cadeira que tinha como patrono, seu amado Cesídio... sim, Cesídio Ambrogi, pois no ano de 1974 o mundo perdeu esse brilhante intelectual, que foi fazer suas trovas e lecionar no céu, entre ao anjos guardiões da poesia e outros sábios que, como ele, fizeram da educação suas principais missões!
Cesídio se foi, e entre olhares trocados, com palavras proferidas pela alma, que vai muito além do alcance dos lábios, disse a Lygia que a esperaria, para juntos habitarem a eternidade, entre poesias, carinhos, anjos, trovas, amor e Deus... Lygia, chorou... Cesídio pediu que ela demorasse... que não tivesse pressa... que ficasse neste mundo encantando a todos por muito tempo, lutando por um mundo melhor, escrevendo seus sonetos perfeitamente clássicos, suas trovas de escol. Lygia ficou... encantou... brilhou!
Cesídio a assistia, entre nuvens, mostrando aos anjos sua esposa e se orgulhando a cada estrofe... a cada boa ação...
E o tempo passou... Lygia fez muito após 1974... sempre pensando, com ternura, com paixão, em seu Cesídio... sempre se emocionando a lembrá-lo, em cada entrevista concedida, em cada conversa trocada, da qual tive a alegria infinda de participar de muitas, seja na UBT de Taubaté, ou na Academia Taubateama de Letras, ou mesmo no Clube dos 21 Irmãos-Amigos de Taubaté.
Sábado, dia 10 de março de 2012, Taubaté estava em festa com a literatura, com a realização da 2ª Expoesia de Taubaté, organizada pelo Movimento Poetas do Vale e pela Confraria do Coreto. Na Praça Santa Terezinha, centenas de metros de varais de poesia, declamações, trovadores, sonetistas, poetas concretistas, livres... atividades infantis, música de boa qualidade, discussões literárias... enquanto isso, na Câmara Municipal de Taubaté, havia uma comoção geral no velório de Lygia Therezinha Fumagalli Ambrogi.
Deus, em sua infinita sabedoria e bondade, escolheu justamente um dia onde os poetas e artistas estariam em festa, mostrando para a população suas poesias, suas artes e projetos, para levar com ele Lygia...
Lygia partiu, aos 96 anos, e numa comitiva celestial repleta de hinos poéticos, foi recebida com um fraternal a amoroso abraço por seu Cesidio... deram as mãos e caminharam... rumo a eternidade.
LUIZ ANTONIO CARDOSO

domingo, 4 de março de 2012

LITERATURA TAUBATEANA


Taubaté, Capital Nacional da Literatura Infantil, título honroso concedido nos primeiros meses da Gestão da Presidente Dilma Rousseff, em 2011, em reconhecimento por ser a cidade que viu nascer o mais importante escritor infantil da literatura brasileira - Monteiro Lobato - não gira em torno de um único gênero da literatura... possui todo um universo literário e não parou no ano de 1948, com o passamento de Lobato.
A cada dia, nos esconderijos dos seus quartos, nos diversificados escritórios, nas salas de aula, nas praças, nas ruas, e em outros locais diversos, há um poeta fazendo nascer versos em Taubaté. Em cada canto da cidade, há um prosador, tecendo, nas manhãs cinzentas ou ensolaradas, seus desabafos em forma de crônicas. Nas madrugadas, nas tardes e nas noites, um escritor construindo seus contos e romances... um outro pesquisando e formulando como deverá ser seu livro técnico, cientifico, filosófico...
Desde o século XVII, quando começou a florescer o povoado nas bandas de Taubaté, que seria, no dia 5 de dezembro de 1645 elevada a categoria de Vila, pode-se dizer que a literatura teve seu início nas terras de Jacques Félix, porém, infelizmente chegou pouco ao nosso conhecimento, ficando restrito o que foi produzido a partir de 1861, ano mágico e maravilhoso para a cultura de nossa cidade, quando surge a imprensa neste solo abençoado.
Podemos focar nossa literatura pelo século XX de forma rezoavelmente eficaz, trazendo à tona os poetas do início do século, como Honório Jovino, Benedito Walmore Marcondes, Bernardino Querido, Maria Augusta Leonardo, Helvino Pereira de Moraes, dentre outros, e ir percorrendo nossa história literária vendo nomes que trouxeram brilho as nossas letras e orgulho ao nosso povo.
Seria inconcebível falar de literatura taubateana sem citar os nomes de Cesídio Ambrogi e Gentil de Camargo Leite, que fomentaram nossa cultura e ensinaram gerações. Também é preciso falar do prremiadíssimo trovador João Dias Monteiro; do maravilhoso poeta Geraldo de Oliveira; do grande jornalista e escritor Camões Filho; do sacerdote católico que encanta com suas canções e crônicas- Pe. Zezinho; da ativista cultural e trovadora Angélica Villela Santos; do trovador de escol Oscar Soares; do talentoso poeta Araífe David; do jornalista inesquecível Oswaldo Barbosa Guisard; do Rei dos Historiadores Taubateanos, Dr. Félix Guisard Filho; do sensacional cronista, amante da saudade, Emilio Amadei Beringhs; da grande trovadora Argemira Fernandes Marcondes; da grandiosa historiadora Maria Morgado de Abreu; do tupinólogo Hugo Di Domênico; do exímio historiador Paulo Camilher Florençano; do autor do Hino de Taubaté, Péricles Nogueira Santos; do brilhante jornalista Carlos Rizzini; do contista premiado, membro da Academia Paulista de Letras, Altino Machado; dentre outros tantos que precisaremos de muitas crônicas para citá-los.
Os movimentos literários e culturais em Taubaté também se destacam... já tivemos muitos, e temos outros tantos em nossos dias, podendo citar os atuais Clube dos 21 Irmãos-Amigos de Taubaté (1965), a Seção de Taubaté da União Brasileira de Trovadores (1968), a Academia Taubateana de Letras (1999), A Academia Valeparaibana de Letras e Artes (2001), o Movimento Poetas do Vale (2005), a Confraria do Coreto (2009), o Movimento União Cultural (2010), dentre outros...
Basta pesquisarmos um pouco e veremos que Taubaté vai além, muito além da literatura infantil e que nossa história e nossa cultura, graças ao espírito inquieto deste povo, não se resume em Monteiro Lobato.
LUIZ ANTONIO CARDOSO