segunda-feira, 9 de abril de 2012

UM DIA OLHEI PARA O CÉU


O belo manto estrelado, que envolve nossas mentes e encanta nossos olhares, sempre despertou grande fascínio nos mais diversos povos, no transcorrer da história. Até nossos dias, personalidades como Copérnico, Galileu, Kleper e Newton são reverenciadas, e  o crédito a povos ainda mais antigos é devidamente citado, como aos persas, árabes, egípcios, dentre outros, em em especial, aos gregos.
No Brasil, é citado por muitos, como o marco inicial da Astronomia no país, a criação, por Dom Pedro I, do Observatório Nacional, que deveria marcar a hora certa conforme o alinhamento solar e prestar grande auxílio à navegação. Porém, estudiosos na área da arqueoastronomia comprovaram que povos antiquíssimos que habitaram a região Nordeste dominavam certos conhecimentos, conforme inscrições encontradas em rochas de alguns sítios arqueológicos, que remontam de vários milênios. No Brasil Colônia é certo também que os jesuítas ensinavam astronomia, pois mesmo a matéria não fazendo parte do currículo escolar da época, era cultivada com entusiasmo pelos religiosos.
O universo, tão vasto, ansiando o infinito, fez com que pessoas de todo o mundo parassem para fitá-lo, a esmo. Alguns se contentaram apenas em observá-lo. Outros, imbuídos da verve poética, resolveram descrevê-lo, em versos repletos de metáforas, que viriam a brilhar na produção literária como as estrelas brilham no céu. Alguns resolveram estudá-lo, entendê-lo, mesmo que de forma amadora, e outros, decidiram desvendá-lo, com observações mais sérias, com fórmulas e descobertas.
Em Taubaté e em todo Vale do Paraíba, muitos se apaixonaram pela infinda beleza do universo, e sabemos que pessoas se reuniram para observação, em suas próprias residências e também em acampamentos. Em meados da década de 1980, existiu um grupo, próximo a Ponte Seca, entre a Vila São Geraldo e o Jardim Santa Clara, que se denominava CEU, e era formado por observadores amadores, que se reuniam para, com seu telescópio, observarem os astros.
Como acontece com muitas pessoas, acabei tendo minha época de astrônomo amador, e incentivado pelo meu primo, Marcelo, que à época cursava o terceiro ano da licenciatura em História na Universidade de Taubaté, e desenvolvia seu trabalho de conclusão de curso sobre a história da astronomia em nosso país, adentrei no mundo mágico da observação, e fundamos, no dia 20 de outubro de 1996, em Taubaté, na região da Vila São Geraldo, a Associação Taubateana de Astronomia, composta da seguinte diretoria: Luiz Antonio Cardoso (Presidente), Marcelo dos Santos Reis (1º Vice-Presidente), Paulo Rodrigues de Queiroz (2º Vice-Presidente), Alessandro Nunes Feriotto (1º Secretário), Gerdinaldo Quichaba Costa (2º Secretário) e Maria Orminda (1ª Tesoureira). Outros amigos também participaram do grupo, como Alexsander Costa, Cleonir Nascimento Pereira, Benedito Marcelino Joffre Neto, dentre outros, e o saudoso Mario Celso Dias da Costa.
Reuníamos-nos aos sábados, pela noite, para conversarmos sobre temas da astronomia, para lermos artigos, assistirmos documentários, como o Cosmos, de Carl Sagan, e, é claro, para observarmos o céu, num modesto telescópio que havíamos comprado, mas que já nos brindava com inesquecíveis momentos entre amigos.
Daniel Barbosa, astrônomo amador, se aproximou da nossa Associação à época propondo que fizéssemos nossos próprios telescópios, pois ele havia construído em sua oficina máquinas de óptica que permitiam a construção do equipamento. Ele também havia traduzido livros do idioma francês que ensinavam as técnicas necessárias, em especial quanto ao polimento das lentes.
Marcelo chegou a dar palestras em outros grupos, em especial no Grupo de Estudos Ufológicos “Monteiro Lobato”, presidido pelo nosso grande amigo Cleonir Nascimento Pereira, e juntamente com o Marcelo e o Daniel, propus a um grande Clube de Taubaté que nos patrocinasse com o equipamento necessário para construirmos um telescópio em nossa cidade, e, em troca, faríamos a construção no próprio Clube e daríamos palestras de noções básicas de astronomia aos associados daquela instituição.
Porém, como tais questões chama a atenção apenas num primeiro momento, não logrando grandes votações em urnas nos pleitos eleitorais, como tampouco enche cofres de fortunas, tivemos nosso projeto de sermos voluntários, negado, bem como a patrocínio que pleiteávamos, rejeitado. Como a vida segue seu curso, um amigo decidiu aprofundar-se nos estudos universitários. Outro, se dedicar a outro grupo. E assim, nossa Associação Taubateana de Astronomia durou cerca de um ano, mas é lembrada com carinho, quando dois dos participantes se encontra pelas ruas da vida.

LUIZ ANTONIO CARDOSO

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